Life grammar

A minha vida foi sempre uma espécie de antítese em que dois vocábulos opostos podiam coexistir em simultâneo dentro de mim. 
Sempre me senti feliz e triste, satisfeita e insatisfeita, realizada e não realizada, tudo ao mesmo tempo.
Nunca fui uma grande tradutora dos meus sentimentos. Nunca consegui separar o que sinto, nem quando sinto. Sou uma pessoa que sente tudo com uma enorme intensidade. Quer sinta muito ou pouco, eu sinto. E tem dias que sou sufocada pelos meus próprios sentimentos. Como já referi anteriormente uma mão cheia de vezes, não sei exteriorizar. Sou terrível. Enrolo-me toda e a resposta que acaba por me parecer mais simples é um puro "não sei". Porque eu sei. Acho eu. E se sei, não sei como dizê-lo. Não sei como transpor coisas abstratas em coisas concretas. Não sei como articular as coisas. Por onde começo, onde acabo. E acabo por ficar cheia de todas estas coisas que não deito cá para fora com simples receio de que não façam o menor sentido. E por isso sempre senti tudo. E agora que penso, não faz sentido. Como posso estar feliz, triste e assim-assim ao mesmo tempo? Não posso. E é isso que me fez passar a minha vida de uma antítese para um paradoxo em que ambos não podem coexistir. Ou tudo ou nada. E como não dou nada, tudo. E se é para ser um todo, que seja um todo de felicidade 

(2015. Outubro, 26) 

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