Passar à frente

Há uns dias dei por mim a pensar em tudo aquilo que já passei. Nas tardes mais animadas, e nas menos felizes. Nos beijos de boa noite e nas noites de bons beijos. Nos inícios e fins de relações. Mas, principalmente, na maneira desgostosa como as coisas que um dia foram boas terminam. Olhando para trás, acho que fui uma completa idiota. 
Nunca fui propriamente bem-sucedida no que toca a ''ter calma''. Nunca consegui resolver uma situação da maneira mais correta, ou de forma a que as pessoas dissessem ''nem esperava outra coisa de ti''. Normalmente faço da coisa mais insignificante, um autêntico quebra-cabeças, um melodrama nunca antes visto, como se o mundo fosse acabar. Acabo por me rir de tudo isto. 
O que mais odeio, é pensar que se tivesse sido mais ponderada em determinadas alturas, teria conseguido vingar-me de tudo o que já me aconteceu, mas não fui. Chorei, gritei, bati com a cabeça nas paredes, descabelei-me por completo. Talvez isto tudo se deva ao facto de até hoje, nunca ter lidado bem com mudanças. 
Sempre ouvi dizer que ''depois da tempestade vem a bonança'', mas nunca fui muito dada a essas típicas frases feitas e clichés demasiado levados à letra. Sempre tive medo de uma nova fase. No entanto, não houve nenhuma que tenha aparecido na minha vida, e não tenha sido enfrentada como se fosse algo já esperado, mesmo não o sendo. 
Acabamos uma fase, e passamos a outra, e a outra, constantemente. A dada altura nem damos por isso. E quando temos noção de que algo novo, diferente e mais complicado se avizinha, temos medo. Tememos o desconhecido. Grande erro. 
A vida acaba por ser como um simples livro, ou como a canção que ouvimos vezes e vezes sem conta. O livro chega ao fim, e a canção favorita acaba por se tornar aborrecida e vulgar. Então e agora? Agora, continuamos. Trocamos o livro, e a canção. E repetimos. As vezes que forem necessárias.
Se correr bem, é uma conquista. Se correr menos bem, é uma lição de vida a ter em conta. 
Como seríamos capazes de identificar que algo começou, sem antes termos plena consciência de que outrora, algo terminou? Pois é, não somos capazes.

(2014. Dezembro. 30)





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