Diferente

Eu nunca vou ser como as outras. Talvez nem nunca venhas a gostar de mim como gostaste delas. Provavelmente, tão pouco te vais orgulhar de estar comigo. Vais achar-te demasiado bom e achar-me pouco digna de tal proeza. Com certeza tomar-me-às como garantida e nada farás para me manter interessada em ti. Irás julgar-me ingénua o suficiente para agir nas minhas costas e acreditar que eu nunca descobrirei nada. Farás com que te seja devota e que dê tudo por ti. Não mexerás uma única palha para me ver feliz e discutirás comigo todas as vezes que te disser que me sinto pouco amada. Não me amarás. Farás jogos psicológicos comigo e conseguirás fazer-me culpada de todos os teus erros. Terás outra pessoa em simultâneo e voltarás para mim de todas as vezes que te sentires carente. O meu corpo não te despertará desejo e irás banaliza-lo como qualquer outro que tenhas visto antes. Tocar-me-às somente quando tiveres vontade e não quando achares que preciso de te sentir. Irás dizer a toda a gente que fazes o que queres de mim. Provavelmente andarei de cabeça erguida no meio da rua com o par de cornos que me ofereceste que todos veem excepto eu. Provavelmente deixar-me-às quando aparecer alguém mais louco e menos ponderado e que provavelmente não gostará de ti tanto quando eu. Irei bater no fundo mais uma vez e consolar-me sozinha. De volta à estaca zero.
Ou não, porque da mesma forma que eu não sou como as outras, tu não és como os outros.

(2016. Setembro, 11)






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