Acabou, e agora?

''Cai a noite e a saudade levanta-se ainda mais, deixei-te há poucas horas e já perdi anos de vida, já não me lembro do que existiu antes de ti.''

Pedro Chagas Freitas

Agora sentes-te sozinho.

Achas que bateste num poço sem fundo e que é aí que estás bem. Não queres ver ninguém, falar com ninguém e muito menos que te perguntem vinte vezes como te sentes. Estás mal e toda a gente sabe disso. 

Sei que sentes que perdeste uma parte de ti. Que deixaste de ter a teu lado a pessoa que julgavas que melhor te entendia. Sei que estás revoltado e com uma ânsia de respostas que, no fundo, sabes que nunca vais ter.

Provavelmente questionas-te o que raio fizeste de errado para estares assim. Provavelmente, nada. 

A verdade, é que nem sempre és tu que estás errado e, muitas vezes, não está ninguém.  

Sei que deste tudo de ti e fizeste o melhor que sabias com aquilo que tinhas. Só tens de estar orgulhoso disso. 

De nada vale pensares no que poderias ter feito mais, dado mais, beijado mais ou ter estado mais presente. 

E sim, acabou. E então?

Faltam-te inúmeras décadas de vidas, inúmeros amores e desgostos amorosos e toda uma parafernália de coisas que pensas que nunca mais te vão passar pelas mãos. Mas vão. 

De uma coisa estou certa: agora dói mas, eventualmente, tudo passa. 

O tempo torna-se teu amigo e todas as memórias que um dia foram más passam a ser meras imagens desfocadas no teu pensamento. 

O pior inimigo do teu luto e recuperação vais ser tu próprio. 

Tu e essa maniazinha de querer saber da outra pessoa, de querer cuscar as redes sociais e mergulhar no profundo desespero que se sente quando se é esquecido.

Agora é a altura de te focares em ti. De seres o melhor que consegues ser por ti e para ti. 

Relembra-te que tens valor, e muito. Nada muda isso. 

Não vai ser fácil e talvez até nem demore o tempo que idealizas. 

Não te isoles. Deixa aproximar quem se preocupa e que te quer bem.

Agora não vês saída nenhuma prometo que em breve verás. E não duvides que, como um dia bem me disseram: ''vão sempre haver dias melhores''.

(2020. Abril, 03)

Leonor Carmona